O Encontro Lixo Zero – 2020, realizado de 18 a 20 de agosto, contou com 638 participantes, sendo 60% de Santos, 30% de outras cidades da Baixada, e 10% de diferentes regiões brasileiras. O evento foi gratuito e sua realização foi possível graças ao patrocínio do SPA – Santos Port Authority e ao apoio das empresas Release Eletrônico, Comunikar, Sesc e Blue Opera.
“Acreditamos que o evento foi um divisor de águas e, a partir de agora, a região ganhou mais adeptos para repensar a geração de lixo e o seu correto encaminhamento”, comemora André Tomé, embaixador do Instituto Lixo Zero Brasil, presidente do Santos Lixo Zero e titular do Conselho Municipal dos Usuários dos Serviços Públicos (COMUS), no eixo sustentabilidade.
Os convidados apresentaram temas de elevado grau de interesse nessa área, mostrando relevância de conhecimento e autoridade nos assuntos debatidos. O Prof. Eng. Élio Lopes, diretor técnico da ECEL – Engenharia Ambiental e docente do curso de Gestão Ambiental da Unisanta, foi um dos moderadores do evento, no tema ‘A contribuição do poder público’, deixando clara sua visão contrária à implantação de uma incineradora de lixo na Área Continental de Santos.
“É uma medida que não trará qualquer tipo de ganho ambiental, pelo contrário, os resíduos continuarão existindo, criarão emissões atmosféricas tóxicas e as cinzas do material incinerado serão destinadas a aterros sanitários mais caros, devido ao seu alto teor de poluentes”, argumenta o professor Élio. Ou seja, com a implantação de um incinerador, os passivos ambientais aumentam, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) não será atendida e o setor de reciclagem será potencialmente destruído.
André Tomé concorda e acrescenta que essa construção foge totalmente aos propósitos da gestão eficaz de resíduos. “Estudos comprovam aumento da incidência de problemas respiratórios, neurológicos e até câncer entre pessoas que moram nas proximidades dessas usinas. Nesse sentido, precisamos compartilhar informações para um máximo aproveitamento e correto encaminhamento dos resíduos recicláveis e orgânicos, além da redução, ou mesmo o fim, do envio destes materiais para os aterros sanitários ou para a incineração”, posiciona-se.
Participação da sociedade
Outro tema pertinente debatido no evento foi “A contribuição da sociedade”, mediado pela bióloga, professora da Unifesp e coordenadora do Maré de Ciência, Bárbara Lage. Por meio de vários debates com participação de convidados, foi possível entender que o lixo ainda é considerado um problema a ser resolvido, mas só com entendimento e empenho conjunto da sociedade, do poder público e de empresas, será possível chegar a uma solução.
No último dia do evento, o tema “A contribuição da iniciativa privada” foi moderado pelo professor Aristides Brito, publicitário, docente e coordenador de marketing do Sistema Santa Cecília de Comunicação. Entre os convidados, a roda de conversa mostrou a importância da logística reversa, que contou com a participação da gerente do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), e da promotora do Grupo de Atuação Especial de Defesa e Proteção do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado de São Paulo, Flávia Maria Gonçalves.
Com a logística reversa, os materiais já utilizados retornam para o processo produtivo visando o seu reaproveitamento. Dessa forma, fabricantes de todos os tipos de produtos passam a assumir a responsabilidade de recolher e reaproveitar suas embalagens.
Oficinas
Durante o evento, foram realizados workshops sobre assuntos de utilidade doméstica: “Como fazer compostagem em casa ou no apartamento”; “Como fazer um desinfetante de casca de cítricos”; e “Como fazer pasta de dente e desodorante caseiros”. Logo após a apresentação dos tutoriais, os especialistas responderam as dúvidas das pessoas, que se manifestaram de maneira positiva ao longo de todo o evento.
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