Em 22 de abril de 1500, esquadras portuguesas aqui aportaram e fincaram a bandeira, apropriando-se da terra, uma imensidão que eles nem tinham ideia do verdadeiro tamanho. Depararam-se com índios como donos de parte do território. O resto era uma vasta floresta, com espécies que nunca tinham visto, uma rica fauna e um oceano de grandes dimensões. Tudo preservado, limpo, intocado, com a força de um sol escaldante em quase todo o período do calendário. Era a descoberta do paraíso e os descobridores foram acometidos de um deslumbramento pela diversidade ambiental aqui encontrada.
Passados 519 anos e considerando os progressos alcançados em várias áreas e com o crescimento do país, com a construção de cidades e de uma nova civilização, como será que hoje eles veriam as nossas florestas, rios, oceanos e fauna? Retrocedemos nesse sentido, sem dúvida. O homem, assim como os próprios descobridores, se preocupou com extrativismo, exploração e consumismo, sem se dar conta que preparava a sua própria destruição, sem falar dos impactos ambientais e a perda de reservas, que são os bens que sustentam a vida humana, animal e vegetal.
Bom seria que pudéssemos começar tudo de novo e que esse patrimônio natural de grande biodiversidade fosse um foco de preservação e manutenção. O que faltou foi conscientização e respeito, desde o começo.
Apesar de todas as mazelas, nem tudo está perdido e há condições de se recuperar parte da destruição ocorrida. Entidades e organizações trabalham nesse sentido, em um trabalho conjunto, debatendo e buscando saídas junto à comunidades e envolvendo toda a população nas práticas de consumo reduzido, reuso de matérias primas, encaminhamento adequado de embalagens para reciclagem e deposição do resíduo orgânico para compostagem. Um desses projetos é o SANTOS LIXO ZERO.
Eunice Tomé – escritora e jornalista